Em tempos imemoriais, nas terras do atual Município de Júlio de Castilhos, vagavam os índios tapes.
Em 1633, os jesuítas, para protegê-los, os reuniram em uma aldeia que ficaria ao norte do atual Município de Pinhal Grande: a Redução de Nossa Senhora de Natividade.
Em 1636, Natividade reservou, a pedido do Provincial dos jesuítas, um rebanho de trezentas rezes para alimentar os povos das reduções vizinhas que, eventualmente, fugissem ao ataque dos bandeirantes. Tem aí início a História de Júlio de Castilhos. Esse “rincão da reserva” ficaria no atual território do município. Dando origem a atual Fazenda da Reserva.
Natividade, temendo o ataque dos bandeirantes, fugiu para além do Rio Uruguai. O gado, abandonado por cinquenta a nos, foi-se reproduzindo até a volta dos jesuítas fundando os Sete Povos das Missões e suas grandes estâncias. Duas delas estariam em terras do atual município: a Estância de São Pedro e parte da Estância de Santo Antônio, ambas pertencentes ao Povo de São Lourenço das Missões.
As terras do atual Município de Júlio de Castilhos pertenceram ao domínio espanhol até 1801 quando, com a Conquista das Missões, passou a pertencer a Portugal. Esse ano marca o início do povoamento do Município:
Um dos pioneiros foi André Pereira Garcia, descendente de açorianos que, em 1802 veio se estabelecer ao norte da atual cidade. No mesmo ano, o paranaense Manuel Moreira Pais se estabeleceu em terras ao sul da cidade. Entre eles havia uma terra devoluta de campo e mata que foi ocupada, em 1812 ou 13, pelo jovem curitibano João Vieira de Alvarenga, com 24 anos, sua esposa Maria Rosa de Moraes, seu filho Manoel, com três anos e alguns escravos. O local escolhido foi o alto da Coxilha do Durasnal, hoje centro da cidade. Ali Alvarenga estabeleceu sua “Fazenda da Boa Vista”. Ele encerrou seu testamento com a expressão: “Boa Vista, vinte de setembro de mil oitocentos e cinquenta e seis”.
Embora nessa época não existisse nenhuma concentração demográfica que merecesse o título de povoação, o lugar da Fazenda de João Alvarenga se chamava “Boa Vista”. Este seria, portanto, o primeiro nome de Júlio de Castilhos.
Como o lugar, que ficava a beira do caminho de tropas, estivesse a meia distância entre Cruz Alta e São Martinho, era costume fazerem aí o ponto de sesta ou pousada: no “João Vieira”. Tornando este, o segundo nome do lugar.
A partir de 1834, essa área ficou, oficialmente, pertencendo ao Município de Cruz Alta, e ao seu Distrito de São Martinho. João Alvarenga tinha o desejo de ver sua fazenda transformar-se em um povoado. O fato efetivou-se em 1870, com o traçado da praça central e das primeiras ruas e o lugar passou a ser conhecido como “Povo Novo”. Em 17 de junho de 1877, herdando as terras de seus pais, Manoel Vieira de Alvarenga faz a doação oficial à Câmara de São Martinho (município emancipado em 1876), de cerca de 42 hectares, distribuídos em seis quadras de comprimento por quatro de largura. Manoel Vieira de Alvarenga é considerado, portanto, o “Fundador da Cidade de Júlio de Castilhos”. (O centro da cidade de Júlio de Castilhos ocupa atualmente, grande parte dessa área).
Em 1885 foi trocado o nome de Povo Novo para o de “Vila Rica”, então Distrito de São Martinho.
Finalmente, o Distrito foi politicamente emancipado , em 14 de julho de 1891, para constituir o “Município de Vila Rica”; e, em 7 de setembro do mesmo ano, ocorreu sua emancipação administrativa. Para organizá-lo houve duas comissões administrativas compostas por cinco membros.
Em fins de 1892, foi nomeado seu primeiro intendente provisório, Gonçalo Soares da Silva. Em 1896, houve a primeira eleição municipal, com a vitória do Cap. Luiz Gonzaga de Azevedo, mais tarde coronel.
Em 31 de dezembro de 1904, em homenagem a seu filho mais ilustre, a comuna passou a chamar-se: “Município de Júlio de Castilhos”.
E, em 1939, a Vila de Júlio de Castilhos ganhou foros de cidade.
Fonte: Firmino Chagas Costa